terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Um amor recíproco, não é isso que todos procuram ?


      Era de manhãzinha quando ele chegou, estava esperando por mim quando abri a porta. Ele olhou pra mim e sorrio, eu amava o ver sorrir, quando ele o fazia o mundo inteiro se iluminava, nada mais importava, agora estava tudo bem. Até mesmo um dia tão triste como aquele conseguia se transformar em belo, belo por que ele estava ao meu lado.
     Seu nome era Charlie, éramos amigos desde que me entendia por gente, tipo uns 10 anos, mas de um tempo pra cá as coisas haviam extrapolado a linha da amizade e eu começava a achar que o que sentia por ele era algo diferente, algo como que descrevia as revistas que minha irmã mais velha, Emily, lia que dava dicas de como saber se está apaixonada. Será que era isso paixão? Eu achava que sim, e torcia para que ele pensasse da mesma forma. Afinal eu acho que é o que todos procuram nessa vida: amar e ser amado de igual maneira.
      Mas hoje, poderia ser minha ultima chance de descobrir se esse sentimento é recíproco (recíproco: adj. que se dá em retribuição ou em troca de algo semelhante, algo mútuo). Aprendi essa palavra a pouco na escola e acredito que ela se encaixa perfeitamente nessa situação. Enfim, Charlie ia embora. Acredita nisso? Ele ia embora! O meu melhor amigo, por que eu achava estar apaixonada ia embora, ele ia me deixar. Simplesmente assim.
      Havíamos  ido ao parque de bicicleta e eu achava que estava na hora... eu iria contar. Meu Deus. Estava morrendo de vergonha e nervosismo. Tanto que quando contei pra ele minha voz saiu em disparada e comecei a tagarelar tudo e quando terminei ele me olhava admirado e curioso, como um cachorrinho tentando entender o que você disse.
     “E então?" perguntei a ele" o que você acha?". E nesse momento recebi uma resposta inesperada. Ele riu, chegou a gargalhar e ao perceber meu olhar explicou “Sam, eu não entendi NADA do que você falou... você bebeu café ou algo assim, porque você sabe que essas coisas te deixam doidinha".
     Droga, teria que falar tudo de novo e dessa vez com calma “o máximo que pode acontecer é ele dizer não." Essa era a dica da revista, se declare. Tomara que essa revista estivesse certa porque minha vida dependia dela.
     E lá fui eu, me declarando novamente, errei algumas palavras e improvisei outras. FIM. Acabei de contar e adivinha!?! O Charlie estava sorrindo de novo pra mim... e não é por nada não, eu amo o sorriso dele, mas essa história de sorrir o tempo todo já estava me deixando irritada. Como ia descobrir o que ele estava pensando, se ele sentia o mesmo por mim se tudo o que ele fazia era sorrir?
    E então aconteceu. Ele me beijou, durou tipo 2 segundos! Acreditam nisso? Eu quase não acredito e olha que eu estava lá. Ele gostava de mim e isso era bom e ruim ao mesmo tempo, porque um problema já havia sido resolvido e agora chegava a hora de descobrir como eu faria com esse outro problema de ele ir embora.
    A tarde passou, comemos cachorro-quente e depois tomamos um sorvete. Caminhamos de mãos dadas pelo parque e nem vimos à hora passar. Já era quase por do sol e precisávamos correr, ele ia viajar ainda hoje e infelizmente eu não tinha nenhuma idéia de como impedi-lo. Charlie foi embora à tardezinha e, ao mesmo tempo que o sol tocou a linha do horizonte, a minha lágrima tocou o chão.    E esse foi o fim de um romance, o primeiro de muitos que se seguiram depois dele. Nunca mais soube noticias do Charlie.
   E por mais triste que esse final possa parecer, não se preocupe ou se desespere por mim, afinal o destino é cheio de surpresas, que sabe um dia eu não o encontre por ai, andando na calçada e então eu grite seu nome e ele se virara e me mostrara novamente à coisa que eu mais amava nesse mundo, seu sorriso.

Publicado para o projeto Bloínquês

Edição Conto/ Crônicas


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